Construção civil enfrenta falta de mão de obra


Escassez de profissionais gera aumento salarial e fila de espera por serviços 


Publicado no "Jornal do Estado"como extensão em jornal impresso com orientação da Ms. professora Patricia Marques

                                                                                                  Texto: Elen de Souza

 De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) o primeiro semestre de 2011 registrou aumento de 55% (R$ 37 bilhões) no crédito imobiliário em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados R$ 23,8 bilhões nessas operações financeiras. Outro fator relevante é que no segundo semestre deste ano, na segunda etapa do programa federal Minha Casa, Minha Vida, o governo aumentou o limite de renda para compra ou construção de imóvel habitacional e famílias com renda mensal até R$5.900,00 nesta nova etapa podem participar do programa. Com isto, houve um crescimento significativo pela procura de profissionais que trabalham na construção civil. Este salto econômico acarretou em duas vertentes: a valorização financeira do operário gerando reajustes salariais, devido à grande procura, e a falta de mão de obra qualificada que suprisse a demanda, causando assim fila de espera por serviços.
Seja nos balcões de emprego ou em cartazes afixados em portas de construtoras ou de estabelecimentos comerciais, tornaram-se constantes anúncios de vagas de emprego para mestres de obra, pedreiros e serventes. O mestre de obras Cinésio Evaristo de Faria, 45 anos,  exerce a profissão de há 25 anos  e relata que “graças a Deus nunca me faltou trabalho, mas nesse ano a procura pelo meu serviço dobrou” . Cinésio atualmente trabalha no decorrer da semana em uma obra e aos sábados em outra, aproveita a boa fase para trabalhar dobrado e reforçar a renda familiar.  Segundo ele, já houve cliente que aguardou quase um ano por seus serviços e em relação aos trabalhos atuais, estes também  estavam “na fila de espera” e que o melhor jeito para conseguir atender a todos foi negociar os dias para trabalhar em cada construção. “Isso é fruto da boa referência que tenho pelo meu trabalho e também pela falta de pedreiro e servente , por isso as pessoas  esperam ” afirma. De acordo com ele, o governo federal ofereceu este ano um curso técnico gratuito sobre edificações, a fim de capacitar e melhorar os profissionais da área da construção civil e tentar sanar os problemas apontados. 
Os dois filhos do mestre de obras, também seguem a mesma profissão do pai, pois já perceberam que nessa área trabalho não falta.Leonardo Geraldo de Faria, 19 anos, trabalhou oito anos como servente, mas logo deixou a profissão e foi atuar em outra área profissional. Porém, este ano com a grande oferta de emprego e o aumento salarial o jovem optou em deixar o trabalho em uma distribuidora regressar a antiga profissão. “A questão financeira foi que me animou a voltar e também pelo tanto de serviço que fui chamado pra fazer, graças a Deus não fico parado”, declara Leonardo.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI)  o principal problema do setor de construção civil no país é a falta de mão de obra qualificada , segundo sondagem feita com 375 empresas do setor. Segundo o levantamento, 68,4% dos empresários do ramo apontaram dificuldade em contratar empregados aptos a trabalhar em obras como uma das grandes barreiras da atividade.